O gosto do sangue quente arranhava sua garganta
Sentiu seus pulsos rasgados
O peso da madeira sobre suas costas
Gritava pelo seu pai
Pedia que perdoasse seus algozes
Tinha a certeza de que eles não sabiam
Enfim olhou para cima e pediu perdão a si mesmo
Um filho bastardo, se prostando perante um pai imaginário
Espinhos dilaceravam sua mente
A dor
A tentação
A fraqueza
A volatidade de seu corpo
Clamou pelo pai
Que não respondia
Sentiu o vinagre macular seus lábios
O açoite temperar suas costas
Urrou
Gemeu
Sofreu
Implorou ao pai que lhe resgatasse
Quis abandonar sua missão
Mas que missão?
Olhou os que zombavam dele
Aqueles que se dispôs a salvar
Mas não viera de um ventre limpo
Os aleijados não voltaram a andar
Os leprosos não voltaram a sorrir
Lázaro não se levantou do caixão
Olhou mais uma vez para o céu
Tentou clamar pelo pai
Mas de sua garganta só saiu sangue
Sentia as dores e o desespero de um homem comum
Viu a chuva lavar sua vida
2 comentários:
Ousado hein!! Curti o texto... Bem legal mesmo...
Abraço
Forte, tocante mesmo.
Foda.
besos!
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