terça-feira, março 13, 2007

Deixem o português em paz...

Tenho ficado cada vez mais assustado com o número de erros de português que proliferam na boca das pessoas. Mas o que mais me espanta é a grande quantidade de paladinos do idioma combatendo esses erros. Estão sempre alertas, e basta um pequeno gerundismo, um pleonasmozinho inofensivo e toma-lhe pancada.
Não suporto isso, afinal a maneira com eu vou estar falando ou não, é pobrema meu. Mas confesso que gosto do showzinho que eles dão, começam levantando a sombrancelha para cima e quando você vê, estão gritando em voz alta. Às vezes fingem que não entendem, e quando você corrige do jeito certo, soltam um: "ah bom!"
Infelizmente meus amigos, não existe o "português correto". Qualquer idioma está constantemente em evolução, incorporando vocábulos e suprimindo outros, que vão caindo no esquecimento. A palavra "você" veio de "voismecê", que por sua vez veio de "vossa mercê", e logo todos estaremos usando só o "cê", para desespero dos puristas.
A comunicação funciona da seguinte maneira, um emissor transmite uma mensagem para um receptor através de um código. Esse último elemento é o que interessa no caso. O emissor pensa em algo, e imediatamente usa um código para transformar aquilo em palavras, isso é a codificação. Já o receptor, ao receber a mensagem, usa esse mesmo código para transformar as palavras em uma idéia, é a decodificação. É por isso que quando eu falo "cadeira", qualquer brasileiro imediatamente pensa naquele objeto que utilizamos para sentar.
Portanto o único pobrema de comunicação que existe se dá quando as pessoas não se entendem. Se o peão fala ao doutor, com seu parco vocabulário, e este o entende, está resolvido, não há nenhum erro de português aí. Agora se o erudito fala ao operário, e o sujeito não entende bulhufas, o primeiro deve estar cometendo uma série de falhas no idioma.
O importante é ser entendido. O idioma é uma criação coletiva, as pessoas falam da maneira que exige menos esforço e permite maior dinamismo na comunicação. É por isso que tantas pessoas falam "pobrema" ou "dibre".
Como não podia deixar de ser, aqui vão algumas dicas para irritas os "paladinos do bom português",

- Quando ele finger que não entendeu, pergunte: "Tem certeza que você fala português?"
- Ao ser criticado por um erro, diga: "Isso é pobrema meu".
- Se as intervenções aumentarem, pergunte: "Quando você vai estar parando de ficar me corrigindo?"
- Tire sarro porque a pessoa usa "r" no fim dos verbos. Quando disserem "cantar" ao invés de "cantá" , diga que parecem um robozinho falando.
- Sempre pergunte se ele engoliu um dicionário.
- Ao ouvir termos como paspalho ou desacorçoado diga que é do tempo do seu avô.
- Pergunte se o certo é "Vai tomá no cu" ou "Vai tomar no cu".
- Se a pergunta acima for respondida, mande a pessoar tomarrrr no cu.

5 comentários:

Don Rodrigone disse...

hahahahaha sua amada professora Regiane estaria orgulhosa com essa sua aula de Semiótica, de Cultura Brasileira e coisas do gênero!

Anônimo disse...

Como vc descibriu q eu estava falando da sua piada naquele post? KKKK
Valeu por deixar resgistrada a piadinha, vou sair contando agora p/ todo mundo morrer d rir! kkkkk
Bjussssss

Jade disse...

aiiii!


eu tenho um odio de gramaticas ambulantes!
aff!
o mais legal neles eh a cara de desprezo!


Eu sou maranhense, e esse povo tem mania de trocar o d pelo n.
Tipo
ChegaNo
FazeNo
DizeNo
BanhaNo..


Tinha uma gramatica ambulante no meu colegio que me humilhava muuuuuito quando eu era mais nova. Juntava o ar de superioridade de ser "nerds" com o ar de superioridade por não ser nordestina feitu eu...
Vixi!


Era de Jumenta pra baixo!

Anônimo disse...

hauhaaaaa
resmungo tbm é cultura!!!

Leandro Luz disse...

Nossa lingua é um saco. Recomendo o Livro "A Língua de Eulália". Vícios de linguagem e pérolas do português