A volta do que nunca foi...

Pois é, aqui estou de volta com meu blog. Atendendo a pedido dos meus leitores (todos os cinco) retorno com meus resmungos.
Pois é, fiquei um tempo afastado, preguiça de postar, saco cheio. Mas é bom... Em dois meses, algumas coisas mudam e o blog vai amadurecendo. Sonho um dia em que meu blog tenha sucesso. Um dia chegarei a marca de dez leitores fiéis.

Mas enfim, tem algumas coisas me deixando de saco cheio. Eleições por exemplo. Eu voto no Lula e foda-se. Agora acho estranho alguns eleitores do Alckmin fazendo patrulha moral, ofendendo moral e ideologicamente quem não vota no mesmo candidato. Adoro discutir política, mas acho o respeito primordial. Há pessoas que fazem de uma conversa um embate, doidas para "ganhar a discussão". Não se ganha a discussão por saber mais ou apresentar melhores argumentos. Ganha-se uma discussão quando se consegue mudar a visão da pessoa sobre o assunto em pauta, e isso leva tempo e não se ganha com agressividade. Aliás, o tom agressivo pode levar o outro lado a encarar aquilo como uma disputa pessoal e carregar um olhar enviesado sobre o tema, apenas para contrariar o interlocutor.

Estou também chateado com os debates. Estive assistindo pelo youtube um debate de 1989, e aquilo sim era debate. Ao vivo, com platéia e muitas tiradas geniais, como o Lula dizendo que o Maluf é competente porque "compete, compete, compete e nunca ganha", o Roberto Freire dizendo que a pena de morte já existe para "negros e pobres". Melhor ainda ouvir o Maluf dizer que se eleito contrataria o Sílvio Santos para sua equipe (o debate foi organizado pelo SBT), e ser em seguida acusado pelo Brizola, de "puxar o saco" do Sílvio Santos no ar. Hoje é tudo muito empacotado, e as próprias ofensas são ensaiadas e planejadas por marqueteiros.

Fora a política, outra coisa me intrigou. Essa quarta-feira, 17 de outubro, foi propagandeada uma tal de "abertura cósmica" que multiplicaria nossos pensamentos por um milhão e fariam os desejos se realizarem. Isso seria obra de uns certos "raios pulsantes ultra-violetas da cor magenta" que atravessavam a terra. É interessante, porque, até onde eu sei, os raios ultra-violetas são uma espécie de radiação não captada pelo olho humano, e por isso mesmo, não poderiam ser da "cor" magenta, já que a percepção da cor depende da ação da luz sobre o olho humano. Achei mais estranho ainda, que de repente, as pessoas resolveram orar e mudar a página daquela bíblia empoeirada, que há vinte anos descansa imóvel na sala de estar. Algumas pessoas saíram cantarolando a beleza do mundo, mesmo tendo arrumado briga na fila do banco, do supermercado até da casa lotérica no dia anterior.

Quanta hipocrisia. Por que pensar que em um dia em nossa vida, vamos realizar todos os nossos desejos, pedir perdão por todos os nossos pecados e dizer "eu te amo" para todos que merecem ouvir? No dia seguinte, todos se esqueceram da tal abertura, e voltam a brigar nas filas, a página continua no mesmo lugar e as orações continuam mecânicas, com as disputas de "terço mais rápido da cidade". Mas as pessoas fizeram sua parte e aproveitaram para tomar um banho de raios ultra-violetas (mal sabem elas que isso pode dar um baita câncer de pele) e colocar em dia as orações atrasadas.

O pior é que eu estou fodido de verde e amarelo. Ontem eu tirei o dia para entrar em depressão, sem saber da porra da abertura cósmica. Agora estou fadado ao fracasso pelo resto da minha vida. No horário que disseram ser o pico, por volta das 17hs, eu estava reclamando do trabalho. O meu alento é que não vou precisar arrumar mais nenhuma desculpa para as minhas tragédias, afinal, tudo será obra da fatídica abertura cósmica de 17/10/2006.

Companheiros, até a próxima abertura