Não, você não é inteligente

É impressionante como me deparo com pessoas que fazem de tudo para que os outros as vejam como poço de sabedoria e inteligência.
Às vezes me deparo com esses seres na mesa do boteco. Para todo assunto que você introduz, eles sempre têm uma opinião devidamente fundamentada. Nunca concordam completamente com sua opinião, sempre discordam ou "têm algo a acrescentar.
É divertido você chegar para uma pessoa dessas e mandar a frase bem no meio dos cornos: " Não, você não é inteligente". Isso desconcerta qualquer intelectualóides e arruina suas técnicas de retórica e frases de efeito. O máximo que a pessoa consegue, é se dizer vítima de "pré-conceito" (intelectualóide sempre fala assim, e em seguida tece um comentário sobre a etmologia da palavra, dizendo que se trata de um conceito anteriormente formado e blá blá blá).
Aliás, a palavra preconceito anda meio banalizada. Outro dia, disse a um amigo que não suportava ouvir forró, nem esses pagodinhos melacueca. Ele retrucou, me dizendo que isso era um preconceito meu com relação a esses estilos de música. Preconceito o caralho. É um conceito já formado, não tem nada de pré. Ouvi e achei uma bosta. Pronto.
Aprendi uma coisa. Quando você quer contar uma piada preconceituosa, e não quer se queimar, diga que foi um amigo que lhe contou. Também deixe bem claro que não é sua opinião, que você só está contando porque ficou indignado com uma piada de tanto mau gosto.
Aliás, um amigo meu me disse uma coisa que me deixou indignado. Falou que não gosta de alemão. Afinal, os caras tiveram a chance de matar todos os judeus e fizeram aquele puta servicinho de preto.
Voltando à questão dos intelectualóides, um dia me perguntaram se eu me achava inteligente. Levando em consideração a quantidade de merdas que eu faço, cheguei a conclusão de que não sou nada inteligente. Que tipo de inteligência teria um ser que deita na Avenida Paulista com dois amigos para tirar uma foto enquanto os carros agüardam pacientemente o semáforo abrir. Sou apenas um rapaz, freqüentemente ébrio, que envetualmente tem seus momentos de lucidez e diz coisas sensatas.